Um jogo de linguagem significa que nenhum conceito ou teoria poderia capturar adequadamente a linguagem em sua totalidade, no mínimo porque a tentativa de fazê-lo constitui seu próprio jogo particular de linguagem. Assim, grandes narrativas não têm mais credibilidade, pois fazem parte de um jogo de linguagem que é ele próprio parte de uma multiplicidade de jogos de linguagem. Lyotard escreveu sobre o discurso especulativo como um jogo de linguagem - um jogo com regras específicas que podem ser analisadas em termos da forma como as declarações deveriam estar ligadas umas às outras.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quarta-feira, 21 de julho de 2010
terça-feira, 20 de julho de 2010
Pós-modernidade: Franz Kafka
O papel do enigma e da obscuridade não é de modo algum o resultado sem ambigüidade de uma estratégia de escrita, mas muitas vezes parece ser intrínseco ao objeto sendo descrito. Em nenhum lugar isto é mais bem demonstrado que na discussão sobre a lei em "O Processo". A lei, que deveria iluminar o caso, ao mesmo tempo o obscurece. A lei na verdade parece se um ponto cego bem em seu cerne. Pois ela é incapaz de responder definitivamente à questão de quem está dentro e quem está fora da lei. Em princípio, a lei é incapaz de admitir seus limites; ela pretende ser toda-poderosa. De fato, entretanto, sempre existe áreas fora da leia, como as áreas de diversão, horror e morte - as próprias áreas pelas quais o texto de Kafka é obcecado.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Pós-modernidade: Marguerite Duras
Para Kristeva, então, a obra de Duras precisa ser vista contra um pano de fundo de temas apocalípticos: Hiroshima, o Holocausto, o stalinismo, o colonialismo. Ela participa, pois, da busca de um meio simbólico adequado para representar o horror do que aconteceu. Em vez de se concentrar em um sentido público do sofrimento, este é apresentado em um contexto intensamente privado. As pessoas se trancam em sua tristeza - ou depressão - particular, de modo que seu discurso, em vez de ser um meio para uma alguma espécie de catarse ou aceitação do horror, é na verdade um sintoma dele. Como os escritos de Duras são tão intensamente evocativos e descritivos de tristeza, em vez de serem uma análise dela, eles, na visão de Kristeva, nos levam à beira da loucura com a qual seus textos se fundem mais do que a representam ou transcendem. Essa loucura, no entanto, é hoje o único meio de vida da individualidade, tão empobrecidos estão os meios públicos de representação.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
domingo, 18 de julho de 2010
Pós-modernidade: Jean Baudrillard
Com respeito à simulação, Braudillard define três tipos^: o do falsificado dominante na era clássica do Renascimento, a da produção na era industrial e, por último, a simulação da era atual governada pelo código. Como o objeto falsificado, a diferença entre o real e ou objeto "natural" é tornada aparente; na produção industrial, a diferença entre o objeto e o processo de trabalho é tornada evidente; na era da simulação, não a produção, mas a reprodução de objetos torna-se crucial. E, como já vimos, o princípio da reprodução está contido no código. Com relação à reprodução, é evidente que a força de trabalho, ou o trabalhador, também é reproduzida. A reprodução, portanto, inclui o que teriam sido ambos os lados da equação na era do industrialismo. Hoje, a origem das coisas não é uma coisa ou ser original, mas fórmulas, sinais codificados e números. Dado que a origem na reprodução é o princípio da geração, e não o objeto gerado, a completa reversibilidade é possível: o último "original" produzido pode perfeitamente ser reproduzido. A diferença entre o real e sua representação é apagada, e a era do simulacro emerge. Em sua forma extrema, portanto, mesmo a morte pode ser integrada ao sistema; ou, melhor, o princípio da reversibilidade implica que a morte não aconteça de fato.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sábado, 17 de julho de 2010
Modernidade: Philippe Sollers
Um termo que é para Sollers quase sinônimo de "exceção" é "singularidade". Para ter uma melhor apreensão dessa idéia do início dos anos 80, Sollers, juntamente com alguns de seus colegas, como Jean-Houdebine, buscou uma elaboração de "singularidade" ao conceito de "haecceitas" de Duns-Scotus. Literalmente, haecceitas é o "issismo" ("thisness" no original) de algo. É absoluta particularidade ou individualidade. Na verdade, haecceitas é o que não pode ser considerado por qualquer convenção ou norma social preexistente; antes, a norma em si tem de ser modificada para abrir caminho para a singularidade que é a haecceitas. O sistema social inevitavelmente censura a singularidade; mas, como um sistema aberto em biologia, a singularidade também é essencial para manter a vitalidade do sistema.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Modernidade: Georg Simmel
Em "The metropolis and mental life", Simmel oferece um esboço analítico da interação entre consciência individuais e a cidade moderna. Como Ferdinand Tönnies e outros ants dele, Simmel destaca a forma pela a qual vida na cidade em seu sentido moderno contrasta com a tradição. Na cidade, os laços formais entre indivíduos substituem os laços afetivos mais tradicionais; com ascensão da burocracia e da ciência, a vida torna-se altamente diferenciada; ela não possui mais um conteúdo fixo, mas é antes, carecterizada por formas abstratas, das quais o dinheiro é a mais importante. Antes de entrarmos em mais detalhes, vamos observar que, na metrópole, o dinheiro, como meio de troca, permite a transferência da mais ampla variedade possível de artigos imagináveis porque é uma medida comum para todos; é, portanto, um grande nivelador.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Modernidade: Friedrich Nietzche
A figura do homem superior atinge seu apogeu no postumamente publicado A Vontade da Potência. De modo interessante, Nietzche se caracterizava como um pensador quintessencialmente póstumo - um pensador fora de sintonia com sua época. Apesar de seu status póstumo, A Vontade da Potência é a mais bem sustentada articulação de uma série de aspectos centrais do pensamento de Nietzche. Esses incluem: a vontade da potência; o eterno retorno; o niilismo; o antiidealismo; e uma reavaliação de todos os valores.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Modernidade: James Joyce
O problema de escrever, evidente em um texto como Ulysses, é de como dar uma forma literária - escrita - ao acaso e à contingência - em outras palavras, aos eventos do aqui e do agora. Kristeva denominou esse aspecto da escrita de Joyce uma "revelação" - mediante o qual ela quer dizer que o texto é uma escrita do que não pode ser previsto por uma estrutura (simbólica) ou armação. Isso poderá parecer uma coisa estranha de dizer, dado que a escrita de Joyce aparentemente lida com a própria banalidade da existência, ou seja, com as coisas que parecem estar tão distantes quanto possível do exótico ou do heróico.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
terça-feira, 13 de julho de 2010
Modernidade: Maurice Blanchot
Diferente de Joyce, Blanchet não escreve uma prosa "ilegível"; nem compões textos explicitamente musicais, como Mallarmé - embora o autor de Un Coup de dés seja um importante ponto de referência para ele. Ao contrário, a limpidez imediata da escrita ficcional de Blanchot leva o leitor a esperar que seu significado seja correspondentemente acessível. A frase de abertura de L´Arrêt de mort (Sentença de morte) é exemplar: "Essas coisas me acontecerem em 1938". Gradualmente essa limpidez de estilo e sentido dá margem a uma profunda obscuridade. Nomes são apagados à la Kafka; o lugar em que os eventos acontecem parece ser Paris, mas os endereços completos jamais são dados: "J" é uma mulher com uma doença terminal que parece morrer por vontade própria e que, mais tarde, parece ser auxiliada a morrer pelo narrador, que administra um coquetel mortal de morfina e sedativo. Os eventos parecem acontecer na época da crise de Munique, mas ao narrador também dá a impressão de que os "eventos" envolvidos são os que pertencem à escrita como os da história - uma escrita que o narrador continuamente se recusa a assumir. Na verdade, o tempo da escrita é ambíguo. Um rascunho inicial da narrativa foi destruído, e isso impele a escrita ao passado distante, enquanto, no ponto após a morte de J, o narrador diz que os eventos sendo narrados ainda não aconteceram. Esses tipos de característica na obra de Blanchot provocaram a descrição deles como navegando no torvelinho da indeterminação. E, de fato, a própria teoria literária de Blanchot oferece algumas bases para isso.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Modernidade: Walter Benjamin
Muito embora Benjamim estivesse claramente fascinado pela modernidade - como o Projeto Arcades e seus outros escritos indicam -, ele também tem sido considerado um teórico da tradição, que supostamente teria sido o que a modernidade eliminou. Sem, a esta altura, procurar um motivo judaico para esse interesse, é possível sugerir que o ponto de conexão entre tradição e modernidade na obra de Benjamin seja a idéia de reprodução. Ela emerge em uma série de disfarces diferentes nos escritos de Benjamin: na imagem do contador de histórias, na concepção de tradução, na valorização da mémoire involontaire de Proust, no aspecto lírico da poesia de Baudelaire e no conceito de transmissão cultural no Projeto Arcades. Muito brevemente, vamos examinar cada um desses aspectos.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
domingo, 11 de julho de 2010
Pós-marxismo: Alain Touraine
Geralmente, um movimento social é uma força ativa, mais do que reativa, diferente do comportamento coletivo, que é sempre reativo.
Os movimentos sociais são costumeiramente lutas pelo controle da "historicidade". A historicidade se refere às estruturas e formais culturais gerais da vida social. Se o termo "sociedade" se refere à integração social, "movimento social" implica uma ação conflitante se opondo a uma forma existente de integração social. Esse desafio à integração social existente não é o mesmo que uma crise da sociedade como tal e o colapso da organização social. Mudanças provocadas pela ação social não devem, portanto, ser vistas como patológicas ou "disfuncionais" em termos parsonianos. Uma sociologia dos movimentos sociais difere, pois, marcadamente de um estudo da sociedade como um sistema orgânico no processo de evolução gradual de uma forma para outra - por exemplo, a evolução da sociedade ocidental da tradição para a modernidade.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Os movimentos sociais são costumeiramente lutas pelo controle da "historicidade". A historicidade se refere às estruturas e formais culturais gerais da vida social. Se o termo "sociedade" se refere à integração social, "movimento social" implica uma ação conflitante se opondo a uma forma existente de integração social. Esse desafio à integração social existente não é o mesmo que uma crise da sociedade como tal e o colapso da organização social. Mudanças provocadas pela ação social não devem, portanto, ser vistas como patológicas ou "disfuncionais" em termos parsonianos. Uma sociologia dos movimentos sociais difere, pois, marcadamente de um estudo da sociedade como um sistema orgânico no processo de evolução gradual de uma forma para outra - por exemplo, a evolução da sociedade ocidental da tradição para a modernidade.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sábado, 10 de julho de 2010
Pós-marxismo: Ernesto Laclau
Em seu último livro, Lacau elabora sobre esses pontos dizendo que uma identidade totalmente auto-determinada seria equivalente à autonomia total. Se fosse esse o caso, a questão da autonomia individual seria redundante. Só o fato de que a identidade é parcialmente determinada e fluida torna isso uma questão política constante. Por outro lado, se o sujeito não fosse nada a não ser o que a estrutura social determinasse, ela seria a mesma coisa que a estrutura - como o marxismo clássico tendia a supor. A identidade é constituída num sistema de relações - ela é, segundo Saussure, relacional -, mas não é redutível a essas relações. A identidade é relacional e autônoma ao mesmo tempo. De fato, é o resultado do deslocamento que disso advém.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Pós-marxismo: Jürgen Habermas
Ao seguir a tradição idealista alemã, Habermas usa Marx para desenvolver uma estratégia de crítica que seria, como ele vê, essencialmente emancipatória. Assim, enquanto Marx enfatizava o papel auto-formativo do labor prático, Habermas, com um aceno de cabeça para Hegel, vê o labor como uma crítica - particularmente voltando contra a força anestesiante da razão instrumental. Mostrando o que havia sido atingido em um sentido prático pela tradição hermenêutica alemã - no que Habermas inclui Freud - o caminhos está aberto para se depositar uma ênfase bem maior em formas simbólicas de interação do que Marx havia visualizado.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Pós-marxismo: Hanna Arendt
A condição humana (que nunca é fixa) pode ter o domínio da liberdade restaurado, hoje, no mundo moderno, diz Arendt, porque os avanços da tecnologia tornaram a "questão social" (sobre necessidades e como fazê-la) redundante. A principal atividade das vidas dos que vivem em sociedades privilegiadas não precisa mais ser governada pela necessidade, como antes na história.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Pós-marxismo: Theodor Adorno
Diferente do sistema de Hegel, em que o elemento heterogêneo seria recuperado dialeticamente pelo princípio da "negação da negação", Adorno anuncia o princípio da "dialética negativa", um princípio que recusa qualquer espécie de afirmação, ou positividade, um princípio de negatividade completa. Portanto, a dialética negativa é não-identidade. Esse elemento-chave no pensamento de Adorno tem uma série de sinônimos além dos já mencionados, como, por exemplo,"contradição", "dissonância", "liberdade", "o divergente" e "o inexpressível". Apesar da importância da não-identidade, Adorno também diz que nenhum pensamento pode de fato expressar a não-identidade, pois "pensar é identificar". O pensamento da identidade só pode pensar a contradição como pura, ou seja, outra identidade. Onde, e como, então, o pensamento da não-identidade de fato deixa sua marca sobre o pensamento? Resumindo, qual é a base material da dialética negativa do pensamento?
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
terça-feira, 6 de julho de 2010
Feminismo- Segunda Geração:Carole Pateman
As feministas, insiste Pateman, negam que a forma existente da dicotomia privado/pública seja em qualquer sentido natural. O problema, entretanto, é saber como uma esfera privada que não é sujeita à lei (exceto em casos extremos) pode de fato ser conservada em uma sociedade inteiramente moderna e democrática. Na melhor das hipóteses podemos imaginar que a a esfera privada será a esfera do individual, e não a da família, como foi no passado. Uma teoria verdadeiramente geral da sociedade política terá, portanto, que abordar o problema da natureza da dicotomia privado/público.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Feminismo- Segunda Geração:Michèle Doeuff
De modo mais geral, Le Doeuff diz as imagens na filosofia têm sido explicadas dentro do metadiscurso da filosofia sobre si mesma de duas maneiras: ou elas foram vistas como uma marca de ressurgência de uma forma de pensamento mais primitivo ou infantil; ou como possuidoras de uma clareza intuitiva e auto-evidente, como se a imagem pudesse falar diretamente o pensamento que o filósofo desejasse comunicar. Essa última qualidade tornaria as imagens um modo eficiente de transmitir o pensamento a um interlocutor inculto ou sem treinamento. Aos olhos de Le Doeufff, ambas as explicações servem apenas para ocultar o efeito real da imagem da filosofia. Por meio das imagens, "toda filosofia pode ser engajar em uma dogmatização rígida e decretar um ´é assim que as coisa são´ sem temer contra-argumentações, já que está entendido que um bom leitor passaria por cima dessas ´ilustrações´. As imagens, portanto, são um meio pelo qual a filosofia pode ser ou não filosófica, resguardando a imagem da análise e discussão, o que, para a aurora, equivale a preservar a própria filosofia.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
domingo, 4 de julho de 2010
Feminismo- Segunda Geração:Luce Irigaray
Se a linguagem (para Lacan) é irredutivelmente fálica, a única forma que as mulheres têm de falar ou se comunicar é se apropriando do instrumento masculino. De um modo ou de outro, a mulher tem de "ter" o falo do qual sente falta:o déficit tem que ser compensado. Pra falar claramente, para comunicar e forjar vínculos com outros - para se social - a mulher precisa falar como um homem. Não falar isso é arriscar-se à psicose: voltar a um idioleto e colocar o vínculo social de lado. A versão de Lacan (que ele chama a père-version) da linguagem é, para Irigaray, repetida na maioria das teorias psicanalíticas da linguagem e da sexualidade. Se as mulheres querem ter uma identidade própria, a versão fálica do simbólico à qual foram sujeitas por tanto tempo precisa ser subvertida. Pois o simbólico tem sido a fonte de opressão da mulher.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sábado, 3 de julho de 2010
Semiótica: Tzvetan Todorov
Falando de modo geral, Todorov busca trazer à luz os vários processos (procédés) pelos quais uma narrativa é realizada. Esses processos devem permanecer relativamente invisíveis para o leitor para que a narrativa seja bem-sucedida como a portadora de uma história com intriga. Esses processos são também equivalentes às funções ou sentidos (sens) de cada elemento da narrativa como um todo. Como Genette, Todorov também está interessado em analisar, em um texto determinado, tempo, narração subjetividade (ou o contexto ou processo da narração) e objetividade (ou a narração como uma citação ou ato linguístico completado).
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Semiótica: Fernand de Saussure
Provavelmente a principal objeção que pode ser levantada contra a transposição da ênfase de Saussure na estrutura para o estudo da vida social e cultural é que ele não dá suficiente espaço para o papel da prática e da autonomia individual. Ver a liberdade humana como produto da vida social, mais do que como a origem da causa da vida social, fez com ela parecesse, aos olhos de alguns observadores, ser bastante limitada. Um viés conservador, negando a possibilidade da mudança, seria então a conseqüência da estrutura. Embora esse problema ainda esteja por se resolver, talvez seja importante reconhecer a diferença entre a liberdade do indivíduo hipotético (cuja própria existência social seria equivalente a um limite na liberdade) e uma sociedade de indivíduos livres, no qual a liberdade seria o resultado da vida social compreendida como uma estrutura de diferenças. Ou, melhor, poderíamos dizer que talvez os pesquisadores devessem começar a explorar a idéia de que, parafraseando Saussure, sociedade é um sistema de liberdades sem termos positivos. Sob essa leitura, não haveria liberdade essencial ou substantiva: nenhuma liberdade encarnada no indivíduo em um estado de natureza.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Semiótica: Charles Sanders Peirce
Até certo ponto o próprio Peirce antecipou as limitações que Eco e outros têm detectado em seus escritos sobre signos. E isso não se dá apenas no sentido de um cientista positivista pronto para ceder seu lugar na história para uma nova geração de pesquisadores, mas também no sentido de alguém que se via com um "pioneiro ou um caipira" engajado em "limpar e revelar" a "semiótica, ou seja, a doutrina da natureza essencial e variedades fundamentais da semiose possível". E como se antecipando a leitura de Dostoievski por Bakthin, Peirce também argumentou não só que todo pensamento é necessariamente em signos, como também que "todo pensamento é dialógica em forma", ainda que esse diálogo seja apenas consigo mesmo. Essa linha dinâmica na teoria dos signos de Peirce torna-o o pai de uma semiótica não-positivista.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
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