sexta-feira, 2 de julho de 2010

Semiótica: Fernand de Saussure

Provavelmente a principal objeção que pode ser levantada contra a transposição da ênfase de Saussure na estrutura para o estudo da vida social e cultural é que ele não dá suficiente espaço para o papel da prática e da autonomia individual. Ver a liberdade humana como produto da vida social, mais do que como a origem da causa da vida social, fez com ela parecesse, aos olhos de alguns observadores, ser bastante limitada. Um viés conservador, negando a possibilidade da mudança, seria então a conseqüência da estrutura. Embora esse problema ainda esteja por se resolver, talvez seja importante reconhecer a diferença entre a liberdade do indivíduo hipotético (cuja própria existência social seria equivalente a um limite na liberdade) e uma sociedade de indivíduos livres, no qual a liberdade seria o resultado da vida social compreendida como uma estrutura de diferenças. Ou, melhor, poderíamos dizer que talvez os pesquisadores devessem começar a explorar a idéia de que, parafraseando Saussure, sociedade é um sistema de liberdades sem termos positivos. Sob essa leitura, não haveria liberdade essencial ou substantiva: nenhuma liberdade encarnada no indivíduo  em um estado de natureza.


Lechte, John"50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002

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