Em sua magnum opus, La révolution du language poétique, Kristeva não só mostra como a base poética da linguagem (seus sons e ritmos, e múltiplas bases de enunciação) é explorada por escritores de vanguarda do século XIX, como Mallarmé e Lautréamont, mas também demonstra como a linguagem poética tem efeitos numa formação histórica e econômica específica, a saber: a França da Terceira República. Nessa obra, também, Kristeva dá continuidade ao desenvolvimento de sua teoria do sujeito como um sujeito em processo; mas agora ela citar explicitamente a teoria psicanalítica lacaniana. O semiótico, portanto, equaciona=se com o chora feminino, que é grosseiramente o lugar irrepresentável da mãe. É um tipo de origem, mas não uma origem nominável; pois isso o enquadraria no reino simbólico e nos daria uma falsa idéia dele. Como o feminino em geral, o chora está do lado da dimensão material e poética da linguagem.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quarta-feira, 30 de junho de 2010
terça-feira, 29 de junho de 2010
Semiótica: Louis Hjelmslev
Como Saussure, Hjelmslev começa da posição de que a linguagem é uma instituição supra-individual que deve ser estudada e analisada por si só, e não ser vista como o veículo, ou instrumento, de conhecimento, pensamento, emoção - ou, de modo mais geral, como um meio de contato com o que lhe é externo. Resumindo, a abordagem transcendental (linguagem como um meio) deveria abrir caminho a uma abordagem imanente (o estudo da linguagem em si mesma). Para esse fim Hjelmslev desenvolveu o que pensava como um sistema simples e rigoroso de conceitos e termos que esclareceria, no nível mais alto de generalidade, a natureza da linguagem e também tornaria mais competente o estudo de suas realizações.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Semiótica: Algirdas Julien Greimas
A semiótica estrutural, entretanto, rompe com uma concepção lingüística convencional de significado, concentrando-se não na palavra nem na sentença fora de contexto, mas na rede de relações em que o significado emerge. Como vimos acima, porque, para Greimas, a idéia de uma "rede de relações" anda de mãos dadas com a realização da linguagem, uma semântica estrutural torna-se uma semiótica estrutural quando o sentido é transposto para unidades de análise descrevendo a produção de sentido em um contexto determinado. Resumindo, a semiótica estrutural descreve o sentido do sentido. Esse sentido não será nem intencional (relacionado ao sujeito piscológico_, nem hermenêutico (um sentido anterior à realização da linguagem). Em suma, Greimas busca estudar a produção de sentido no discurso: o sentido com um processo de significação.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
domingo, 27 de junho de 2010
Semiótica: Umberto Eco
Embora A Theory of Semiotics lide explicitamente com uma teoria de códigos e de produção de signos, seu ponto de partida subjacente é o conceito de Peirce sobre "semiose ilimitada". A semiose ilimitada refere-se, nas mãos de Eco, ao tipo de posição central em relação à posição do leitor. Embora a semiose ilimitada seja o resultado dos fatos de que signos em linguagem sempre sempre se referem a outros signos e que um texto sempre oferece a perspectiva de infinitas interpretações. Eco quer evitar os extremos de sentido unívoco, por um lado, em oposição a infinitas mensagens, por outro. A semiose ilimitada corresponde ao "interpretante" de Peirce, em que o sentido é estabelecido com referência às condições de possibilidade.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sábado, 26 de junho de 2010
Semiótica: Roland Barthes
Depois de analisar Sade, Fourier e Loyola como "logotetas" e fundadores de "linguagens" em Sade, Fourier, Loyola - um exercício lembrando a "linguagem" (langue) da moda - Barthes escreveu sobre prazer e leitura em O Prazer do Texto. Este último marca uma antecipação do estilo mais fragmentário, personalizado e semificcional dos escritos futuros. O prazer do texto está "vinculado à consistência do self, do sujeito que está seguro de seus valores de conforto, expansividade, satisfação". Esse prazer, que é típico do texto legível, contrasta com o texto de jouissance (o texto do divertimento, do êxtase, da perda do self). O texto do prazer contém muitas vezes delicadeza e refinamento supremos, em contraste com o freqüentemente ilegível texto poético da jouissance. Os próprios textos de Barthes, especialmente de 1973 em diante, podem ser descritos acuradamente em termos dessa concepção de prazer. Assim, após desfilar a linguagem (langue) de outros, Barthes, como um escritor de prazer, passou a dar largas a sua própria linguagem singular. De um ponto em que se tornou crítico por medo de não ser capaz de escrever (ficções em particular). Barthes não só se tornou um grande escritor, como também tornou difusa a distinção entre crítica e escrita (poética).
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sexta-feira, 25 de junho de 2010
Pós-estruturalismo: Emmanuel Levinas
A relação íntima de Levinas com a fenomenologia de Husserl forneceu a base para uma consideração detalhada da "determinação" da existência, como incorporada, por exemplo, na forma pessoal (em inglês) do verbo to be: "there is", ou seu equivalente francês, il y a, ou ainda (em alemão) es gibt. Levinas dá a essa mais cotidiana da expressões cotidianas uma poderosa virada, vinculando-a ao horror: "There is" é impessoal e determinado;não é exterior nem interior; é, diz Levinas, "o puro fato de ser", "There is" - o determinado (cf. es gibt) do Ser - é o equivalente da noite, da ambigüidade, da indeterminação. "There is" vem ao pensamento, confronta-o antes que a revelação ou o conceito o ordene de qualquer maneira; desliza pela transcendência e chega a desafiar o ego e todas as formas pessoais do simbólico. Como tal, Levinas argumenta, "O roçar do there is... é horror". E o autor continua, observando o modo pelo qual o "there is" se insinua na noite, como uma ameaça indeterminada do espaço propriamente dito desengajada de sua função como um receptáculo de objetos, como um meio de acesso aos seres. Embora Levinas recusasse a mais vaga pista de uma explicação psicanalítica, é como se o "there is" como horror fosse um trauma para a consciência e uma impossibilidade para processos simbólicos. Entretanto, também deveríamos nos lembrar de que o horror aqui é sempre já determinado: é portanto, inevitável, como o ser é inevitável. Não deve, então, ser compreendido como equivalente à ansiedade heideggeriana antes do conhecimento do nada: "Estar consciente é ser arrancado do there is." Isso ocorre porque a consciência precisa formar-se em uma subjetividade construída por uma certa estrutura de racionalidade. Levinas está interessado no lado obscuro dessa racionalidade, que não é simplesmente o irracional ou o vácuo indizível, mas uma força positiva que não pode ser excluída. Colocando de outra forma: a subjetividade se forma segundo os princípios universais da filosofia ocidental; o "there is", por comparação, é contingência - o particular que esconde o universal. O "espectro assustador", como visto em Macbeth, de Shakespeare, é o Ser como o "there is", e é isso precisamente o que aterroriza Macbeth. Noite, crime, espectro e horror aqui se juntam para dar a sombra do ser.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Pós-estruturalismo: Michel Foucault
Inspirado por Bachelard, Canguilhem e Cavaillès, Focault reconhece que, se a história é sempre genealogia e uma intervenção, estruturas de conhecimento e modos de compreensão estão eles próprios sempre mudando. A epistemologia estuda essas alterações como a "gramática da produção" do conhecimento e é revelada pela prática da ciência, da filosofia, da arte e da literatura. A epistemologia é também um modo de vincular eventos materiais ao pensamento ou idéias. O fato de que uma prática particular incorpore uma idéia não é evidente por si mesmo; a conexão tem de ser evidenciada na prática da epistemologia.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Pós-estruturalismo: Jacques Derrida
Por meio da abordagem chamada "desconstrução" , Derrida iniciou uma investigação fundamental sobre a natureza da tradução metafísica ocidental e sua base na lei da identidade. Superficialmente, os resultados dessa investigação parecem revelar uma tradição cheia de paradoxos e aporias lógicas.
(...)
O processo de "desconstrução" que investiga os fundamentos do pensamento ocidental não o faz na esperança de que ele seja capaz de remover esses paradoxos ou essas contradições; nem afirma ser capaz de fugir à exigências dessa tradição e estabelecer um sistema por conta própria. Ao contrário, ele reconhece que é forçado a utilizar os próprios conceitos que considera insustentáveis em termos das reivindicações que lhe são feitas. Resumindo, ele também deve (pelo menos provisoriamente) sustentar essas reivindicações.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
(...)
O processo de "desconstrução" que investiga os fundamentos do pensamento ocidental não o faz na esperança de que ele seja capaz de remover esses paradoxos ou essas contradições; nem afirma ser capaz de fugir à exigências dessa tradição e estabelecer um sistema por conta própria. Ao contrário, ele reconhece que é forçado a utilizar os próprios conceitos que considera insustentáveis em termos das reivindicações que lhe são feitas. Resumindo, ele também deve (pelo menos provisoriamente) sustentar essas reivindicações.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
terça-feira, 22 de junho de 2010
Pós-estruturalismo: Gilles Deleuze
Falando de maneira abrangente, o argumento de Difference and Repetition repousa na visão de que, na era contemporânea o jogo de diferença e repetição suplanta o do Mesmo e representação. Diferença e repetição são, com efeito, índices de um movimento na direção de um pensamento não-representacional e radicalmente horizontal; e Deleuze é o praticante supremo desse pensamento. Sua leitura de Nietzche fornece um caminho para o labirinto da horizontalidade.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Pós-estruturalismo: George Bataille
As preocupações de Bataille em mostrar como as produções intelectuais muitas vezes ocultavam um elemento de base inassimilável levou-o a etnografias de sociedades cujo laço social parecia ser fundado em práticas bastante horríveis para uma sensibilidade ocidental moderna. Assim, em The Accursed Share, o teórico do dispêndio como excesso argumenta que a magnificência dos artefatos culturais astecas precisa ser compreendida em conjunção com a prática do sacrifício humano, o belo tem de ser ligado ao básico. As guerras forneciam as vítimas para o ritual sangrento, em que o sacerdote enfiava uma faca de obsidiana no peito da vítima e retirava o coração ainda pulsando, que então oferecia ao Sol, deus supremo dos astecas. Mesmo sem perder o sacrifício asteca, Bataille mostra que ele se adapta a uma certa lógica. Em primeiro lugar, o sacrifício humano é um modo de introdução do desequilíbrio em uma sociedade dominada por valores de trocas utilitários. A degradação das relações utilitárias está incorporada à escravidão, em que o escravo não é nada além de um objeto a ser usado pelas pessoas livres. A vitima do sacrifício asteca, por contraste, era muitas vezes matada humanamente e chegava até a receber tratamento especial, porque havia um elo íntimo entre a vítima e o captor. A vítima morre no lugar do executor. Ela é a sua vivência da morte, uma experiência manifestada através de angústia devia à identificação dos executores com o sofrimento da vítima. O sacrifício "restaura o mundo sagrado, aquilo que o uso servil havia degradado, tornado profano". O sagrado, então, está além do valor de troca, ele não tem equivalente: nada, conseqüentemente, pode ser substituto do ato sacrificial. Em uma sociedade na qual o valor de troca assumiu quase que por completo o controle, o sacrifício não pode ser compreendido. Contudo, ele ainda encontra eco na mutilação corporal (como a de Van Gogh), em que o ato provoca uma ruptura da homogeneidade do self e introduz a heterogeneidade da vida social.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
domingo, 20 de junho de 2010
História estrutural: Fernand Braudel
Três níveis de tempo organizam a história do Mediterrâneo de Braudel. O primeiro é do ambiente, que acarreta uma mudança lenta, quase imperceptível, um senso de repetição e ciclos. Embora possa ser lenta nesse nível, a mudança existe. Essa é a questão de Braudel. Esse, então, é o tempo geográfico. O segundo nível do tempo é o da história social e cultural. É o tempo dos grupos e dos agrupamentos, de impérios e civilizações. Nele, a mudança é muito mais rápida do que na do ambiente; entretanto, a extensão pdoe freqüentemente ser de dois ou três séculos para se estudar um aglomerado particular de fenômenos, como a ascensão e queda de várias aristocracias. O terceiro nível de tempo é o de eventos (histoire événementielle). É - ou pode ser - a história dos homens individuais. Esse, para Braudel, é o tempo de superfície e efeitos enganosos. É o tempo da courte durée propriamente dito e é exemplificado pela parte 3 de O Mediterrâneo, que trata de "eventos, políticas e pessoas". Além disso, há provavelmente um quarto tipo de tempo, o do momento, ou conjuntura, em que uma situação específica - a entrada e o efeito do idioma inglês no Mediterrâneo no século XVI - é estudada sob uma série de ângulos diferentes. A conjuntura abre-se para o tempo social e geográfico. Na verdade, o desacordo de Braudel com a sociologia estava no fato de que, em sua visão, ela concentrava atenção demasiada ao tempo individual, sem considerar o tempo da longue durée. Como resultado, a sociologia corria o risco de traçar um quadro superficial da humanidade.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sábado, 19 de junho de 2010
Estruturalismo: Michel Serres
Serres é ostensivamente um filósofo da ciência. Mas ao contrário até mesmo de seu mentor, Gaston Bachelard, ele jamais aceitou que qualquer ciência em especial - quanto mais a ciência natural - se conformasse à determinação positivista de um campo hermético e homogêneo de investigação. Em uma obra recente, Serres indicou que a forma e a natureza do conhecimento os aproximam mais da figura do arlequim: uma figura composta que sempre tem outra roupa sob a que foi removida. O arlequim é uma figura híbrida, hermafrodita, mestiça, uma mistura de diversos elementos, um desafia à homogeneidade, assim como o acaso da termodinâmica abre o sistema de energia e o impede de implodir.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Estruturalismo:Christian Metz
De qualquer modo, Metz escolheu embasar sua construção mais rigorosa de uma sintaxe de cinema sobre o eixo sintagmático do significado. Essa construção que ele denomina la grande syntagmatique (a grande cadeia sintagmática, será por nós agora rapidamente resumida. A grande cadeia sintagmática é dividida em oito segmentos autônomos. Eles são:
1. Plano autônomo: não é um sintagma, mas um tipo sintagmático. É equivalente à exposição em isolamento de um único episódio da intriga. Inserções - por exemplo, uma "inserção não-diagética" (imagem fora da ação da história) - também podem ser equivalentes a um plano autônomo.
2. Sintagma paralelo: corresponde ao que é freqüentemente chamado de "seqüência de montagem paralela". Aqui, nenhuma relação precisa entre sintagma é evidente. Esse é um sintagma acronológico.
3. Sintagma acolado: sintagma de evocações. Por exemplo, Metz aponta para a forma como o erotismo é evocado em Une femme mariée, de Godard, mediante referências ao "significado global" do "amor moderno". Esse sintagma também é acronológico.
4. Sintagma descritivo: aqui a relação entre todos os elementos apresentados sucessivamente é de simultaneidade. Por exemplo, uma face, depois a pessoa a quem ela pertence, depois a sala ou escritório onde a pessoa esteja (Metz dá o exemplo de uma vista do campo, pedaço a pedaço). Um sintagma descritivo é cronológico.
5. Sintagma alternante: corresponde à "montagem alternativa", à "montagem paralela",etc. Por meio da alternância, a montagem apresenta diversas séries de eventos que são então compreendidos como de ocorrência simultânea.
6. Cena: a cena propriamente dita é equivalente ao fluxo contínuo de imagens em qualquer hiato diagético - uma das mais antigas construções cinemáticas.
7. Seqüência por episódio: a descontinuidade torna-se um princípio de construção. Um sintagma linear produz uma descontinuidade de fato. Metz chama isso de "a seqüência propriamente dita".
8 Seqüência comum: disposição de elipes em ordem dispersa exemplificada por momentos saltados considerados sem interesse . O ponto sobre qualquer seqüência é que ela é removida das "condições reais de percepção".
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
1. Plano autônomo: não é um sintagma, mas um tipo sintagmático. É equivalente à exposição em isolamento de um único episódio da intriga. Inserções - por exemplo, uma "inserção não-diagética" (imagem fora da ação da história) - também podem ser equivalentes a um plano autônomo.
2. Sintagma paralelo: corresponde ao que é freqüentemente chamado de "seqüência de montagem paralela". Aqui, nenhuma relação precisa entre sintagma é evidente. Esse é um sintagma acronológico.
3. Sintagma acolado: sintagma de evocações. Por exemplo, Metz aponta para a forma como o erotismo é evocado em Une femme mariée, de Godard, mediante referências ao "significado global" do "amor moderno". Esse sintagma também é acronológico.
4. Sintagma descritivo: aqui a relação entre todos os elementos apresentados sucessivamente é de simultaneidade. Por exemplo, uma face, depois a pessoa a quem ela pertence, depois a sala ou escritório onde a pessoa esteja (Metz dá o exemplo de uma vista do campo, pedaço a pedaço). Um sintagma descritivo é cronológico.
5. Sintagma alternante: corresponde à "montagem alternativa", à "montagem paralela",etc. Por meio da alternância, a montagem apresenta diversas séries de eventos que são então compreendidos como de ocorrência simultânea.
6. Cena: a cena propriamente dita é equivalente ao fluxo contínuo de imagens em qualquer hiato diagético - uma das mais antigas construções cinemáticas.
7. Seqüência por episódio: a descontinuidade torna-se um princípio de construção. Um sintagma linear produz uma descontinuidade de fato. Metz chama isso de "a seqüência propriamente dita".
8 Seqüência comum: disposição de elipes em ordem dispersa exemplificada por momentos saltados considerados sem interesse . O ponto sobre qualquer seqüência é que ela é removida das "condições reais de percepção".
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Estruturalismo: Claude Lévi-Strauss
Falando de forma geral, as apostas da obra de Lévi-Strauss são altas. Elas constituem uma demonstração de que, quando todos os dados estão à mão, não há base sobre a qual se possa traçar uma hierarquia de sociedades - seja em termos de progresso científico ou de evolução cultural. Na verdade, toda sociedade ou cultura exibe característica que estão presentes em maior ou menor grau em outras sociedades ou em outras culturas. Lévi-Strauss argumenta assim porque está convencido de que a dimensão cultural (na qual a linguagem é predominante), e não a natureza - ou o "natural" - é constituinte do humano. Estruturas simbólicas de parentesco, linguagem e troca de bens compõem a chave para a compreensão da vida social, não da biologia. De fato, sistemas de parentesco mantêm a natureza em xeque, eles são um fenômeno cultural baseado na proibição do incesto e, como tal, não são um fenômeno natural. Eles viabilizam a passagem da natureza para a cultura, ou seja, para a esfera do verdadeiramente humano.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Estruturalismo: Jacques Lacan
Embora a linguagem, como a parte privilegiada da ordem Simbólica, seja central para a teoria psicanalítica de Lacan, ela não é mais que um elemento em uma trilogia de ordens constituintes do sujeito em psicanálise. As outras ordens na trilogia são o Imaginário e o Real. Embora o inconsciente descentraliza o sujeito porque ele introduz a divisão, no nível do imaginário (ou seja, no discurso da vida cotidiana), os efeitos do inconsciente não são reconhecidos. No nível do Imaginário, o sujeito acredita na transparência do Simbolismo, ele não reconhece a falta de realidade no Simbólico. O Imaginário não é, então, simplesmente o espaço em que imagens são produzidas ou o sujeito se imiscui nos prazeres da imaginação. Na verdade, é no Imaginário que o sujeito reconhece equivocadamente (méconnaît)a natureza do simbólico. O Imaginário é, pois o reino da ilusão, mas de uma "ilusão necessária", como registrou Durkheim a respeito da religião.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
terça-feira, 15 de junho de 2010
Estruturalismo: Roman Jakobson
Assim que para Jakobson, assim que paras muitos outros, a poética tende ao lado metafórico da aventura linguística, foi o padrão sonoro da poesia - e não o papel da metáfora como tal - inicialmente ilustrado nas diferenças entre os padrões sonoros da poesia tcheca e russa, que primeiro estimulou as pesquisas de Jakobson na área. Na verdade, a diferença entre as poesias tcheca e russa, ele descobriu, estava no ritmo. Foi a partir do estudo do ritmo poético que a "fonologia" de Jakobson se desenvolveu. Em particular, concentrando-se nos vínculos entre som e significado, Jakobson concluiu que som e sentido eram mediados pela diferença - que ele veio a chamar de "característica distintiva". Ou, melhor, como, na visão de Jakobson, a linguagem é basicamente um sistema de significados, a fala não é composta de sons, mas de fonemas, "um conjunto de propriedades sonoras concomitantes que são utilizadas em uma linguagem determinada para distinguir palavras de sentidos diferentes".
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Estruturalismo: Gérard Genette
A obra de Gérard Genette é de particular importância para teóricos literários e semiólogos. A preocupação constante na obra substancial de Genette, que abrange o espectro literário desde os clássicos gregos a Proust, é produzir uma teoria geral - baseada em esquemas classificatórios - da singularidade do objeto literário. Ansioso por evitar um procedimento procustiano de impor a obras literárias categorias externas, mas recusando a ingenuidade do empirismo da crítica literária, Genette empenhou-se - mediante um "método qualitativo" flexível - em produzir conhecimento a respeito do "mistério" da obra literária sem com isso destruir esse mistério. Inspirado por insights estruturalistas que levaram a análise textual formal a novos níveis nos anos 60, Genette tomou o cuidado de argumentar pela autonomia do objeto literário. Assim, afirma no final, a maior obra de Proust, Em Busca do Tempo Perdido, tomada como um todo, é irredutível: "Nada ilustra senão ela mesma".
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
domingo, 13 de junho de 2010
Estruturalismo: Georges Dumézil
Para Dumézil, "estrutura" e "sistema" são intercambiáveis: estrutura diz em latim o que sistema diz em grego. Juntamente como o método comparativo de Dumézil, a estrutura torna-se a chave do esforço duméxiliano em demonstrar que cada religião, cultura ou sociedade é um equilíbrio. A composição de elementos intrinsicamente significativos não acontece por acaso para forma uma espécie de todo (possivelmente) imperfeito. Antes, o todo é sempre já constituído pelas relações entre os elementos propriamente ditos - o sentido do todo sendo dado pelo fato dessas relações. Assim Dumézil está claramente do lado do movimento estruturalista do pensamento. Contudo, em oposição à busca de Lévi-Strauss pelos universais nos assuntos humanos, Dumézil esclareceu que estava muito ligado ao particular, aos "fatos", como freqüentemente os chamava. Deixar o reino dos fatos é "fazer poesia", penetrar um mundo de sonhos, afirmava Dumézil. Devido a sua ênfase nos fatos, no particular, Dumézil não via como era possível retirar de sua obra qualquer espécie de sistema filosófico de base ampla, semelhante ao de Lévi-Strauss. Além disso, resistiu conscientemente durante toda a sua vida a todos os esforços de encaixá-lo em alguma "escola" de pensamento, desejando - e com muita intensidade - ser sua própria pessoa em questões intelectuais ou acadêmicas. Se membro de uma escola, acreditava ele, era perder a autonomia, essencial ao estudo verdadeiramente original e rigoroso.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sábado, 12 de junho de 2010
Estruturalismo: Noam Chomsky
Por fim, o racionalismo de Chomsky parece ser uma reação muito exagerada ao behaviorismo e empirismo característicos do ambiente filosófico e lingüístico anglo-americano em que Chomsky foi treinado. Como resultado, ele é com freqüência considerado o racionalista armado até os dentes tentando dolorosamente abrir algum caminho contra as forças do empirismo. Contudo, os importantes debates teóricos sobre linguagem e filosofia evidentemente não estão hoje limitados ao que a rivalidade entre racionalismo e empirismo provocou. O fato de que os escritos teóricos de Chomsky não pareçam ter registrado isso é uma séria limitação.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Estruturalismo: Pierre Bourdieu
Em grande parte, a postura teórica subjacente de Bourdieu foi apresentada em seu ensaio de 1970, An Outline of a Theory of Practice. Ali, no contexto de estudos etnográficos, Bourdieu delineia uma estrutura de três segmentos de conhecimento teórico, cujo nível mais reflexivo acabará sendo empregado para classificar "os classificadores", para "objetivar o sujeito objetivante" e para julgar os próprios árbitros de gosto. O primeiro elemento dessa estrutura é a "experiência primária" ou que Bourdieu também denomina nível "fenomenológico". Esse nível é conhecido de todos os pesquisadores em campo porque é a fonte de seus dados descritivos básico a respeito do mundo familiar cotidiano - seja de sua própria sociedade ou de outra. o segundo nível, quase tão familiar quanto o anterior, é o do "modelo" ou do conhecimento "objetivista". Aqui o conhecimento "constrói as relações objetivas" (por exemplo, econômicas ou lingüísticas) "que estruturam a prática e as representações da prática". Assim, em um nível "primário", o pesquisador poderia observar que em cada casamento, nascimento ou Natal as pessoas trocam presentes. Em um nível objetivista, o pesquisador poderia teorizar a respeito de que, apesar do que sugere o senso comum, a troca de presentes é um meio de manter o prestígio e confirmar uma hierarquia social e talvez também um exemplo da maneira como a troca enquanto tal é um modo de coesão social.O ponto que Bourdieu enfatiza a respeito desse conhecimento é que ele é fundamentalmente o conhecimento do observador neutro e distanciado que se dedica a desenvolver uma teoria da prática implícita nos dados primários.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Estruturalismo: Emile Benveniste
Um elemento fundamental da teoria de Benveniste a respeito da linguagem enquanto discurso é sua teoria dos pronomes, em particular, a teoria da polaridade eu/você. Gramaticalmente, essa polaridade constitui os pronomes de primeira e segunda pessoa: a terceira é uma "não pessoa", status revelado pela voz neutra da narrativa ou descrição - a voz da denotação. Kristeva verá essa polaridade como a chave para compreender a dinâmica da relação sujeito/objeto (eu = sujeito, você = objeto) na linguagem. O resultado é que, hoje, a polaridade eu/você tem sentido unicamente em relação à instância presente no discurso. Como nosso autor explica ao discutir a "realidade" à qual eu ou você se refere: "Eu significa ´a pessoa que está pronunciando a instância presente no discurso contendo eu." Essa instância é exclusiva por definição e só tem valor em sua exclusividade... Eu só pode ser identificado pela instância do discurso que o contém e apenas por ela". Você, por outro lado, é definido da seguinte maneira:
introduzindo a situação de "endereço", obtemos uma definição simétrica para você como o "indivíduo a quem a fala na instância presente do discurso contendo a instância linguística de você". Essas definições [acrescenta Benveniste) se referem a eu e você como uma categoria de linguagem e estão relacionadas a sua posição na linguagem.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
introduzindo a situação de "endereço", obtemos uma definição simétrica para você como o "indivíduo a quem a fala na instância presente do discurso contendo a instância linguística de você". Essas definições [acrescenta Benveniste) se referem a eu e você como uma categoria de linguagem e estão relacionadas a sua posição na linguagem.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Estruturalismo: Louis Althusser
Para adotar mais uma vez um tom mais crítico, a teorização de Althusser é na verdade um foco terrivelmente estreito, por se agarrar tanto ao cânone do pensamento marxista. Em conseqüência, embrar Althusser esteja diretamente preocupado com o conceito de ciência e embora afirme que Marx inaugurou a ciência da história, é quase impossível determinar com precisão o que significa ciência, fora do fato um tanto obscurecedor de que, ao contrário da ideologia, a ciência não tem um sujeito.Além disso, ainda que aspectos do texto de Althusser sobre ideologia contenham algumas das melhores coisas que ele escreveu, o elo real entre ideologia, reprodução e interpelação não é suficientemente explicado. Se a ideologia está sempre presente (sendo a relação imediata que as pessoas têm com o mundo), mas é, sob o modo de produção capitalista, a forma pela qual a exploração é mantida, qual é o elo entre ideologia em geral e a forma historicamente específica pela qual os indivíduos são constituídos como sujeitos no capitalismo? Subitamente vemos que, com toda a ênfase na descoberta científica de Marx a respeito do modo de produção - uma descoberta que supera a ideologia -, a própria natureza da ideologia como o imediatismo ilusório da relação entre o ser humano e o mundo é esquecida. O que parece ser necessário não é só uma ciência dos modos de produção, mas também uma ciência da natureza da ideologia. E, portanto, embora Althusser tenha algo importante a dizer acerca da ideologia em geral, isso entra em conflito com o que ele quer dizer com um filósofo marxista preocupado com a exploração. O que precisamente pode uma teoria marxista da ideologia nos dizer a respeito da exploração? Quase nada, se fôssemos seguir Althusser nesse ponto - muito embora a ideologia esteja de maneira inextricável ligada à reprodução do sistema. Gradualmente, começamos a perceber que talvez o melhor livro escrito por Althusser tenha sido sua autobiografia.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
terça-feira, 8 de junho de 2010
Origens do Estruturalismo - Maurice Merleau-Ponty
O ponto de partida de Meleau-Ponty é o epoché de Husserl. Para ele, entretanto, o objetivo não é permanecer com a estrutura da filosofia da dúvida de Descartes, como Husserl tende a fazer ao fornecer uma explicação da fenomenologia, ma ir ao âmago da experiência incorporada, que é o que a percepção é. Colocando-se diretamente conta a abstração e o vazio do cogito cartesiano - "Penso, logo existo" - Merleau-Ponty mostra que "ser um corpo é estar atado a um certo mundo"; e acrescenta: "Nosso corpo não está primariamente no espaço: ele é dele". De fato, nosso corpo já está sempre no mundo; logo, não há corpo em-si-mesmo, um corpo que pudesse ser objetivado e receber status universal. A percepção, então, é sempre uma percepção incorporada, que só é o que é num contexto ou situação específicos. A percepção em-si-mesma não existe.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Origens do Estruturalismo - Marcel Mauss
A idéia de mana, considerada ligada à qualidade indefinível de prestígio no sistema do presente, foi discutido em ensaio anterior de Mauss sobre mágica. Nele, o autor observa que mana é um dois conceitos preocupantes dos quais a antropologia acreditava ter-se livrado. Mana é um termo vago, obscuro e impossível de definir rigorosamente. Existe na verdade, comenta Mauss, uma verdadeira "infinidade de manas". Mana não é simplesmente uma força, um ser, mas também "uma ação, uma qualidade e um estudo". A palavra é ao mesmo tempo "um substantivo, um adjetivo, um verbo." Mana não pode ser o objeto da experiência porque absorve toda a experiência. Nesse sentido, é da mesma ordem que o sagrado. Para Mauss, isso equivale a dizer que o mana possui uma espiritualidade equivalente ao pensamento coletivo, que é o equivalente da sociedade como tal.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
domingo, 6 de junho de 2010
Origens do Estruturalismo - Jean Cavaillès
Durante sua prisão no Sul da França, Cavaillès escreveu o que se tornou sua obra filosófica mais importante, Sur la logique. Chamar esta últimoa obra de filosófica é de certa forma errôneo. Pois, embora Husserl e outros fenomenologistas aceitassem a visão kantiana de que a filosofia era o árbitro das bases epistemológicas das ciências naturais e humans, Caveillès não aceitou essa visão. Para ele, a investigação das bases das ciências demonstraria que a ciência qua ciência - da qual a matemática é exemplo privilegiado - é fundamentalmente incompreendida se for considerada necessitada de uma metalinguagem filosófica para esclarecer sua estrutura formal. A esse respeito, Cavaillès pensa segundo a forma pela qual Kant lida com a questão de embasar o pensamento em relação à experiência, a questão sendo saber que pensamento e lógica são novas experiências vis-à-vis. Aqui, Cavaillès rapidamente aceita a relação entre lógica e singularidade.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sábado, 5 de junho de 2010
Origens do Estruturalismo - Georges Canguilhem
Outro tema importante que percorre a obra de Canguilhem é relativo à definição formal do normal. Umas das maneiras pelas quais o normal tem sido definido é em termos de norma estatística. Par Canguilhem, a pesquisa do século XX tem sido capaz de mostrar que um ser vivo pode ser perfeitamente normal, ainda que tendo pouca relação com uma média estatística. De fato, um monstro (outra anomalia) poderia ser bastante normal no sentido de que constitui sua própria norma em relação ao ambiente em que está localizado. "Considerads separadamente, o ser vivo e seu ambiente não são normais: é a relação entre os dois que os faz assim." Uma anomalia pode ser rara e ainda ser normal nesse sentido.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Origens do Estruturalismo - Mikhail Bakhtin
O aspecto mais importante do carnaval é o riso. Entretanto, o riso carnavalesco não pode ser equacionado com as formas específicas que assume na consciência moderna. Não é simplesmente paródico, irônico ou satiríco. O riso carnavalesco não tem propósito. É ambivalente. A ambivalência é a chave da estrutura do carnaval.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Origens do Estruturalismo - Gaston Bachelard
Três elementos fundamentais do pensamento de Bachelard:
- importância colocada sobre a epistemologia da ciência ("O espaço em que se olha, em que se examina, é filosoficamente muito diferente do espaço em que se vê" em "A Filosofia do Não")
- o segundo grande aspecto da obra de Bachelard que tem sido particularmente influente com relação ao estruturalismo é sua teorização da história da ciência
- outra dimensão muito influente do pensamento de Bachelard é sua obra analisando as formas da imaginação.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Tudo tem um começo
Já tentei um estudo sistemático da filosofia.
Mas já que não sou um filósofo profissional nem pretendo ensinar filosofia, leio o que acho interessante e entendo o que consigo entender. E um texto interessante leva a outro.
Fico fascinado com os textos intrigantes da tríade Hegel, Heidegger e Kant. Inclusive é perigoso confiar nas traduções desses autores e não é fácil entender o original. No entanto mesmo sem compreendê-os eles me fascinam e me fascinam mais quando alcanço alguma compreensão.
Esse blog servirá para mostrar o meu percurso pela filosofia. Ele pode ser uma espiral, um toróide, uma intersecção tridimensional de figuras geométricas em quatro dimensões, o suspiro final, um oxímoro ou tudo isso...
As primeiras fatias (49) foram extraídas dos livro de John Lechte "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", uma tradução correta de Fábio Fernandes e uma bela panorâmica do pensamento contemporâneo.
Mas já que não sou um filósofo profissional nem pretendo ensinar filosofia, leio o que acho interessante e entendo o que consigo entender. E um texto interessante leva a outro.
Fico fascinado com os textos intrigantes da tríade Hegel, Heidegger e Kant. Inclusive é perigoso confiar nas traduções desses autores e não é fácil entender o original. No entanto mesmo sem compreendê-os eles me fascinam e me fascinam mais quando alcanço alguma compreensão.
Esse blog servirá para mostrar o meu percurso pela filosofia. Ele pode ser uma espiral, um toróide, uma intersecção tridimensional de figuras geométricas em quatro dimensões, o suspiro final, um oxímoro ou tudo isso...
As primeiras fatias (49) foram extraídas dos livro de John Lechte "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", uma tradução correta de Fábio Fernandes e uma bela panorâmica do pensamento contemporâneo.
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