Um elemento fundamental da teoria de Benveniste a respeito da linguagem enquanto discurso é sua teoria dos pronomes, em particular, a teoria da polaridade eu/você. Gramaticalmente, essa polaridade constitui os pronomes de primeira e segunda pessoa: a terceira é uma "não pessoa", status revelado pela voz neutra da narrativa ou descrição - a voz da denotação. Kristeva verá essa polaridade como a chave para compreender a dinâmica da relação sujeito/objeto (eu = sujeito, você = objeto) na linguagem. O resultado é que, hoje, a polaridade eu/você tem sentido unicamente em relação à instância presente no discurso. Como nosso autor explica ao discutir a "realidade" à qual eu ou você se refere: "Eu significa ´a pessoa que está pronunciando a instância presente no discurso contendo eu." Essa instância é exclusiva por definição e só tem valor em sua exclusividade... Eu só pode ser identificado pela instância do discurso que o contém e apenas por ela". Você, por outro lado, é definido da seguinte maneira:
introduzindo a situação de "endereço", obtemos uma definição simétrica para você como o "indivíduo a quem a fala na instância presente do discurso contendo a instância linguística de você". Essas definições [acrescenta Benveniste) se referem a eu e você como uma categoria de linguagem e estão relacionadas a sua posição na linguagem.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
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