Para Dumézil, "estrutura" e "sistema" são intercambiáveis: estrutura diz em latim o que sistema diz em grego. Juntamente como o método comparativo de Dumézil, a estrutura torna-se a chave do esforço duméxiliano em demonstrar que cada religião, cultura ou sociedade é um equilíbrio. A composição de elementos intrinsicamente significativos não acontece por acaso para forma uma espécie de todo (possivelmente) imperfeito. Antes, o todo é sempre já constituído pelas relações entre os elementos propriamente ditos - o sentido do todo sendo dado pelo fato dessas relações. Assim Dumézil está claramente do lado do movimento estruturalista do pensamento. Contudo, em oposição à busca de Lévi-Strauss pelos universais nos assuntos humanos, Dumézil esclareceu que estava muito ligado ao particular, aos "fatos", como freqüentemente os chamava. Deixar o reino dos fatos é "fazer poesia", penetrar um mundo de sonhos, afirmava Dumézil. Devido a sua ênfase nos fatos, no particular, Dumézil não via como era possível retirar de sua obra qualquer espécie de sistema filosófico de base ampla, semelhante ao de Lévi-Strauss. Além disso, resistiu conscientemente durante toda a sua vida a todos os esforços de encaixá-lo em alguma "escola" de pensamento, desejando - e com muita intensidade - ser sua própria pessoa em questões intelectuais ou acadêmicas. Se membro de uma escola, acreditava ele, era perder a autonomia, essencial ao estudo verdadeiramente original e rigoroso.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
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