domingo, 20 de junho de 2010

História estrutural: Fernand Braudel

Três níveis de tempo organizam a história do Mediterrâneo de Braudel. O primeiro é do ambiente, que acarreta uma mudança lenta, quase imperceptível, um senso de repetição e ciclos. Embora possa ser lenta nesse nível, a mudança existe. Essa é a questão de Braudel. Esse, então, é o tempo geográfico. O segundo nível do tempo é o da história social e cultural. É o tempo dos grupos e dos agrupamentos, de impérios e civilizações. Nele, a mudança é muito mais rápida do que na do ambiente; entretanto, a extensão pdoe freqüentemente ser de dois ou três séculos para se estudar um aglomerado particular de fenômenos, como a ascensão e queda de várias aristocracias. O terceiro nível de tempo é o de eventos (histoire événementielle). É - ou pode ser - a história dos homens individuais. Esse, para Braudel, é o tempo de superfície e efeitos enganosos. É o tempo da courte durée propriamente dito e é exemplificado pela parte 3 de O Mediterrâneo, que trata de "eventos, políticas e pessoas". Além disso, há provavelmente um quarto tipo de tempo, o do momento, ou conjuntura, em que uma situação específica - a entrada e o efeito do idioma inglês no Mediterrâneo no século XVI - é estudada sob uma série de ângulos diferentes. A conjuntura abre-se para o tempo social e geográfico. Na verdade, o desacordo de Braudel com a sociologia estava no fato de que, em sua visão, ela concentrava atenção demasiada ao tempo individual, sem considerar o tempo da longue durée. Como resultado, a sociologia corria o risco de traçar um quadro superficial da humanidade.


Lechte, John"50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002

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