O ponto de partida de Meleau-Ponty é o epoché de Husserl. Para ele, entretanto, o objetivo não é permanecer com a estrutura da filosofia da dúvida de Descartes, como Husserl tende a fazer ao fornecer uma explicação da fenomenologia, ma ir ao âmago da experiência incorporada, que é o que a percepção é. Colocando-se diretamente conta a abstração e o vazio do cogito cartesiano - "Penso, logo existo" - Merleau-Ponty mostra que "ser um corpo é estar atado a um certo mundo"; e acrescenta: "Nosso corpo não está primariamente no espaço: ele é dele". De fato, nosso corpo já está sempre no mundo; logo, não há corpo em-si-mesmo, um corpo que pudesse ser objetivado e receber status universal. A percepção, então, é sempre uma percepção incorporada, que só é o que é num contexto ou situação específicos. A percepção em-si-mesma não existe.
Lechte, John, "50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002
Nenhum comentário:
Postar um comentário