quinta-feira, 10 de junho de 2010

Estruturalismo: Louis Althusser

Para adotar mais uma vez um tom mais crítico, a teorização de Althusser é na verdade um foco terrivelmente estreito, por se agarrar tanto ao cânone do pensamento marxista. Em conseqüência, embrar Althusser esteja diretamente preocupado com o conceito de ciência e embora afirme que Marx inaugurou a ciência da história, é quase impossível determinar com precisão o que significa ciência, fora do fato um tanto obscurecedor de que, ao contrário da ideologia, a ciência não tem um sujeito.Além disso, ainda que aspectos do texto de Althusser sobre ideologia contenham algumas das melhores coisas que ele escreveu, o elo real entre ideologia, reprodução e interpelação não é suficientemente explicado. Se a ideologia está sempre presente (sendo a relação imediata que as pessoas têm com o mundo), mas é, sob o modo de produção capitalista, a forma pela qual a exploração é mantida, qual é o elo entre ideologia em geral e a forma historicamente específica pela qual os indivíduos são constituídos como sujeitos no capitalismo? Subitamente vemos que, com toda a ênfase na descoberta científica de Marx a respeito do modo de produção - uma descoberta que supera a ideologia -, a própria natureza da ideologia como o imediatismo ilusório da relação entre o ser humano e o mundo é esquecida. O que parece ser necessário não é só uma ciência dos modos de produção, mas também uma ciência da natureza da ideologia. E, portanto, embora Althusser tenha algo importante a dizer acerca da ideologia em geral, isso entra em conflito com o que ele quer dizer com um filósofo marxista preocupado com a exploração. O que precisamente pode uma teoria marxista da ideologia nos dizer a respeito da exploração? Quase nada, se fôssemos seguir Althusser nesse ponto - muito embora a ideologia esteja de maneira inextricável ligada à reprodução do sistema. Gradualmente, começamos a perceber que talvez o melhor livro escrito por Althusser tenha sido sua autobiografia.


Lechte, John"50 Pensadores Contemporâneos Essenciais:do Estruturalismo à Pós-modernidade", tradução de Fábio Fernandes,Editora Difel.,2002

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